Se o Brasil fosse um país sério, o presidente Jair Bolsonaro já estaria respondendo por crimes no mercado financeiro. Desde que ele tomou posse, já manipulou os preços de ações de várias estatais. Mesmo assim, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não faz nada.
O caso mais recente da manipulação dos preços de ações de estatais envolve a Petrobras. Desde a noite de quinta-feira (18/02), o presidente vem avisando que vai interferir na petroleira e que vai zerar impostos do diesel e do gás de cozinha.
Ao dizer isso, Bolsonaro fez com que os preços das ações da Petrobras caíssem mais de 6%. Certamente, o presidente comentou antecipadamente sobre suas intenções com alguém. Essa pessoa pode ter repassado a informação privilegiada a um grupo restrito.
Banco do Brasil e Eletrobras
O mesmo aconteceu com o Banco do Brasil, quando Bolsonaro ameaçou demitir o presidente da instituição, André Brandão. Os papéis do BB despencaram. Poucos ganharam dinheiro. A maioria, perdeu, sobretudo os pequenos investidores.
Também já houve casos envolvendo o presidente da República e Eletrobras. Como sempre, nada aconteceu. Não houve uma palavra por parte da CVM, cuja missão é regular e fiscalizar o mercado de ações. O que teme a CVM ao não interpelar Bolsonaro? O órgão não é independente?
É um escândalo o que faz Bolsonaro. Tanto a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) quanto a CVM deveriam mapear quem ganhou com as manipulações feitas pelo presidente da República. Está claro que há beneficiários nesse jogo.
Depois de toda fanfarrice, o presidente se faz de morto. Assim como André Brandão não foi demitido do Banco do Brasil, certamente Roberto Castello Branco continuará na presidência da Petrobras. Mas quem ganhou com as declarações de Bolsonaro está contando os lucros.
Brasília, 15h01min